Glaucoma: a principal causa de cegueira irreversível do mundo

Dra Bruna Melchior, MD, PhD

9/2/20244 min read

dados coloridos formando a palavra glaucoma sobre fundo amarelo
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O Que é o Glaucoma e Suas Causas

O glaucoma é uma doença ocular crônica caracterizada pela danificação progressiva do nervo óptico. Esta degeneração pode resultar em perda de visão irreversível e levar à cegueira se não for diagnosticada e tratada adequadamente, sendo a principal causa de cegueira irreversível do mundo. Embora seja frequentemente associada a um aumento da pressão intraocular, o glaucoma pode ocorrer mesmo em pessoas com pressão ocular normal.

O glaucoma está classificado em diversos tipos, cada um com características e mecanismos diferentes. O tipo mais comum é o glaucoma de ângulo aberto, onde a drenagem do fluido intraocular é inadequada, causando um aumento gradual da pressão ocular. Já o glaucoma de ângulo fechado, por outro lado, ocorre quando a drenagem é rapidamente bloqueada, resultando em um aumento súbito da pressão intraocular e se manifestando em crises que requerem atenção médica imediata.

Além desses, existem formas menos comuns de glaucoma, como o glaucoma congênito, que está presente desde o nascimento devido à deformações no sistema de drenagem ocular, e o glaucoma secundário, que é uma consequência de outras condições oculares ou sistêmicas, como diabetes, inflamação ocular, traumas, ou uso prolongado de medicamentos, como corticoides.

Os fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma são variados. A genética desempenha um papel significativo, com histórico familiar aumentando consideravelmente o risco de uma pessoa desenvolver a doença. A idade avançada é outro risco importante, visto que a prevalência de glaucoma aumenta com o envelhecimento. Certas etnias também estão em maior risco, como afrodescendentes e asiáticos.

Como Descobrir o Glaucoma: Sinais, Sintomas e Diagnóstico

Descobrir o glaucoma em seus estágios iniciais é fundamental para prevenir danos irreversíveis à visão. O tipo mais comum de glaucoma, conhecido como glaucoma de ângulo aberto, geralmente é assintomático nas fases iniciais. Isto significa que muitas pessoas podem não notar qualquer problema visual até que o glaucoma atinja um estágio avançado. Por isso, exames com oftalmologista ao menos uma vez por ano são essenciais.

A perda visual no glaucoma geralmente é gradual e acomete inicialmente a visão periférica, sendo um sinal frequentemente ignorado por ser progressivo e lento. O glaucoma de ângulo fechado se manifesta em crises, que se manifestam com visão embaçada súbita, dor ocular e vermelhidão dos olhos, sendo que em certas situações, pode-se observar halos ao redor de luzes. Esses casos são mais severos, exigindo atenção médica imediata.

O diagnóstico precoce do glaucoma é efetuado através de uma gama de exames oculares especializados. A tonometria, que mede a pressão intraocular, é uma ferramenta essencial, uma vez que pressão elevada é o principal fator de risco para glaucoma. Outro exame importante é a campimetria, ou teste de campo visual, que avalia a visão periférica. A fundoscopia, por sua vez, permite ao oftalmologista observar diretamente o fundo do olho, focando no nervo óptico, que é frequentemente danificado pelo glaucoma.

Exames mais avançados, como a tomografia de coerência óptica (OCT), proporcionam imagens detalhadas das camadas da retina, permitindo uma análise mais profunda das estruturas oculares. A gonioscopia, que examina a área de drenagem interna do olho, é igualmente crucial, pois identifica se o ângulo onde a íris encontra a córnea está aberto ou fechado, ajudando a distinguir entre os diferentes tipos de glaucoma.

Buscar orientação de oftalmologista especialista através de exames oftalmológicos regulares é a medida mais eficaz na detecção precoce e no manejo adequado desta condição ocular.

O Glaucoma Tem Cura?

O glaucoma não tem cura, mas tem tratamento para controlar a doença.

Os tratamentos para o glaucoma são variados e dependem do estágio e tipo específico da doença. O tratamento inicial geralmente envolve laser ou colírios destinados a reduzir a pressão intraocular.

Nos casos em que tanto medicamentos quanto tratamentos a laser não conseguem controlar adequadamente a pressão ocular, cirurgias podem ser necessárias. A trabeculectomia é uma cirurgia comum que cria uma nova via de drenagem do fluido ocular para reduzir a pressão intraocular. Implantes de drenagem também podem ser utilizados, estabelecendo caminhos artificiais para o escoamento do fluido ocular.

Importância de Consultar um Oftalmologista

Consultar regularmente um oftalmologista é crucial para a detecção precoce e controle eficaz do glaucoma. O diagnóstico em estágios iniciais permite a implementação de tratamentos que podem retardar ou mesmo impedir a progressão da doença, prevenindo a perda irreversível da visão. Isso é especialmente importante porque o glaucoma frequentemente não apresenta sintomas perceptíveis nos seus estágios iniciais, tornando as consultas regulares uma ferramenta vital na preservação da visão.

Monitoramento contínuo é essencial, pois o tratamento do glaucoma geralmente é vitalício e requer ajustes ao longo do tempo. Consultas regulares permitem ao oftalmologista avaliar a eficácia do tratamento vigente e introduzir mudanças conforme necessário. Além disso, acompanhamento constante ajuda na detecção precoce de quaisquer complicações. Com um manejo eficiente e acompanhamento regular, é possível manter a qualidade de vida e preservar a visão das pessoas afetadas pelo glaucoma.

Dra Bruna Melchior de jaleco branco sorrindo de braços cruzados, aos fundos um corredor do hospital das clinicas da USP
Dra Bruna Melchior de jaleco branco sorrindo de braços cruzados, aos fundos um corredor do hospital das clinicas da USP

Dra Bruna Melchior Silva, MD, PhD é oftalmologista, especialista em Glaucoma, pesquisadora e professora universitária. Tem sua formação e doutorado pela USP e pela Columbia University (NY, EUA). Atende adultos e crianças acima de 5 anos na cidade de Santos, SP.